Pecuaristas compartilham os desafios da sucessão familiar sob a ótica feminina na Tecnoshow COMIGO

O último dia de palestras no Auditório 01 foi iniciado pelo “Raízes, gestão e sucessão: o agro com elas”, que reuniu três representantes de destaque do agronegócio brasileiro: as pecuaristas Anita Bufaiçal, Ana Paula dos Santos e Nana Guimarães. Juntas, elas compartilharam experiências e reflexões sobre o papel das mulheres na condução e continuidade dos negócios rurais, com foco na sucessão familiar no campo.

Segundo Anita, é fundamental um olhar atento à istração dentro da porteira. “A sucessão é parte do ciclo da vida e da construção familiar no meio rural. Quando acontece pela dor, com a perda de um ente querido, é um aprendizado difícil, mas também transformador. Herdar é diferente de suceder. O sucessor precisa desejar estar ali”, destacou.

Ela relatou que seu envolvimento com a propriedade se intensificou após a perda precoce do pai e do irmão. “Minha mãe e eu seguimos juntas, aprendendo constantemente. Ela, revendo práticas e processos; eu, buscando compreender a essência do negócio”, pontuou.

Nana Guimarães, por sua vez, ressaltou o valor simbólico do campo para sua família. “Crescemos em cinco irmãos — quatro mulheres e um homem — e amos por dois processos de partilha de bens sem conflitos. Tivemos o e de três tios, o que foi essencial”, lembrou.

Ao compartilhar sua trajetória como mãe e empresária rural, Nana também enfatizou os desafios emocionais de conciliar a maternidade com a rotina no campo. “Sempre foi doloroso deixar os filhos para estar na fazenda, mas tive o exemplo inspirador da minha mãe, que enfrentou o mesmo dilema. Com o tempo, formamos uma equipe sólida. Hoje, trabalho com mais de dez mulheres em diferentes áreas da minha empresa”, afirmou.

Ela ainda comentou sobre as barreiras enfrentadas por mulheres no setor. “Há 50 anos, liderar uma propriedade rural sendo mulher era quase impensável. A jornada exige firmeza e postura. Sucedi minha mãe e hoje sou sucedida pelos meus dois filhos”, completou.

Já Ana Paula dos Santos, que atua ao lado do pai, destacou o crescimento conjunto da propriedade. “Nos tornamos referência nacional em recria e engorda. Isso é fruto de esforço contínuo. Não houve imposição: estamos construindo essa história lado a lado”, disse.

Para a profissional, o processo sucessório exige preparo e sensibilidade de ambas as partes. “Quem vai assumir precisa conhecer o patrimônio e se envolver aos poucos. Já quem está ando o bastão precisa abrir espaço e ter paciência. Sucessão é trabalho em equipe”, concluiu.